segunda-feira, 12 de abril de 2010

Liberdade - Fim da história de Jorge

Ana com sua ternura e seu grande coração, foi a família que Jorge nunca teve. Lembrava sua mãe. Além do nome, a beleza ofuscante e o brilho nos olhos.
Sofria de um câncer terminal no estômago. Numa noite foi internada na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Jorge chorava desesperadamente, e já havia parado com os remédios que o psiquiatra receitou, pois era Ana que lembrava de seus horários e cuidava de Jorge.Desde que fora internada, ficou novamente desamparado.Era uma dor e uma falta muito grande.
O hospital estava cheio, cheio de gente, enfermos e alucinados de jaleco branco, e o desespero de Jorge aumentava a cada minuto.Falava sozinho e bem alto, andava de lado para o outro.Tentaram acalmá-lo de todas as maneiras, mas sua dor e desespero eram demais para se conformar.
Lembrava apenas de uma frase vinda dos doces lábios de Ana, aquela santa “Jorge, você é especial!”
__ Deixa eu ver a minha mulher, eu quero ver minha mulher, eu sou especial ...
Arrastado pelos seguranças do hospital, Jorge gritava e esperneava.
Foi a última noite de sua última vida.Ao receber a noticia que Ana havia falecido, caminhava sem nenhum objetivo, já sem lágrimas, sem pensamentos, sem nada.Lá de cima, carros passavam pra lá e pra cá, luzes, muitas delas acesas, e foi ali, naquele impulso, com um mergulho em meio aos carros que Jorge encontrou sua liberdade.

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