sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Biografia II

Parecia ser indiferente mas se preocupava muito com as pessoas

Parecia ser rude mas era a pessoa mais doce que já conheci

Não sorria muito, mas quando sorria tudo ficava colorido

Não abraçava muito, mas quando abraçava era o abraço mais forte e verdadeiro que eu já recebera

Parecia uma fortaleza, e era.

Parecia desequilibrado e triste, mas sabia das suas tristezas e sabia que ela fazia bem de vez enquando.

Quando falava, sabia o que estava falando e o que pretendia.

Era uma das pessoas mais leais com os amigos e familia que já conheci, mesmo que ás vezes demonstrava não ligar para elas, mas era uma defesa.Sabia bem que nesse mundo, se protejer era necessário, e tentava ensinar sua sabedoria sobre se preservar.

Com ele eu estava aprendendo também a me preservar e me defender, menos dele mesmo.
Talvez fosse meu objetivo desvendar aquele mistério do que chamava amor, e tinha certeza que era amor, porque amava aquele mistério, e ele é o mistério em si.
O mistério mais sereno dessa vida, o mistério materalizado nele, e isso era apaixonante.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Get some high to be really by myself

Sabia que era com eles que estava.Sim, estavam sempre lá, um ou o outro , ou os dois.
Léo e Natasha.Marcelo ás vezes, raramente na verdade.Ele realmente se isolava, os outros três eram mais presos aqui.Olha, nem tinha me dado conta que já estava escrevendo como se o Léo realmente fosse, e eu não sabia se era.Só pudia ser ...
Esperava ansiosamente que ele entrasse, era virtual, era ridiculo, mas era o que tinha e que fazia ter certeza do amor que sentia, ele era inventado, por isso era perfeito e por isso estava satisfeia como estava.Será que estava mesmo?
A luz estava piscando, será que ia queimar? Ela não queria se desesperar e depender de alguém de novo mesmo que fosse o pai e a mãe, não queria mais ligar para perguntar o que fazer, queria fazer sozinha.Ás vezes se esquecia que até que para sua idade, já tinha consquitado até demais.Não precisava de pressa para ter mais independência.Por que será que era a única que não usava aquilo dos quatro?
Queria conversar com ele, saber como estava, tocar seu rosto, fazer cafuné, abraçar e apenas olhar bem no fundo dos olhos, e nada dizer.Apenas o silêncio, o olhar e o toque.
Por que não poderia estar aqui? Sei que gostaria... então por que não vem? Quem é você que não deixa?
Já nem Gustavo agradava mais tanto, talvez fosse o momento, passaria.Mas depois que disse á ele que queria ele mais, percebeu que não.Era bem melhor assim ... Ela sabia, lá no fundo da alma, ela queria Juan.Tudo, seu corpo, sua alma e sua mente, ela queria conhecer, e apenas possuir este conhecimento e poder amá-lo, jamais lhe tirar e sempre lhe ofertar.
Estava tentando preservar esse amor e essa doçura, mas na verdade tudo que sentia era frustração, nervoso, angústia, enfim, coisas amargas.Tinha medo desse amor virar ódio, pois se assim fosse não sentiria ódio dele, sentiria ódio de si mesma por se frustrar com um amor inventado.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Momentos distantes

Quase sem luz, com vinho, musica, tv e cama, e ela para ela mesma
Vai lembrar que ele existe, apenas
Aquele sonho, novamente
Ele vem se aproxima com seu sorriso e diz: lembra quando brigavamos? hahaha quanta tolice.
Pega nas mãos dela, olha nos olhos e apenas sorri ...
E como num passe de mágica ele some.Vai correndo.Para onde ninguém sabe.Ela fica olhando, e com suavidade, paz e tranquilidade, o ve indo, sua imagem cada vez mais distante, e ela sorri, um sorriso tranquilo de amor e acena para a imagem que esta longe, muito longe já e não a ve acenando para dizer adeus.


Depois de diversas intervenções ela volta aos seus pensamentos, por enquanto somente da última hora.
Sabia da existência desse amor não-material,entendia-o; entendia-o tanto que sabia também o quão era dificíl chegar lá pelo amor, então sabia que havia de ser pela dor, e a dor era aquele amor materializado no outro ou na falsa felicidade: amor-materializado no poder.
Estava desesperada, aquela era uma provação.Queria que fosse pelo amor, e por mais que tentasse, nem pela dor conseguia, então o vazio-dor tomava conta desse ser, ser pequeno-grande.
Acabara de recuperar seus outros pensamentos de umas quatro horas atrás, sabia que sua consciência-lembrança jamais a trairia.
Pensar em tudo, e tudo que que queria materializar na escrita.Talvez pelo fato de simplesmente materializar pela busca do amor materializado, talvez para não esquecer, mas era para depois, não pela lembrança por si só, recordação, mas a lembrança da reflexão e a comparação com aquele momentum.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Perspectiva

Meio aquela confusão, Nanda já se perderá e não sabia mais direito quem era. Tudo conspirava para que sua esperança com Juan aumentasse, Gustavo era só mais uma delas, poderia ser outro.
Além de serem homens blindados, alguns blindavam também seu amor, e ela também estava fazendo isso, sabia que podia mais, mas não gastava assim seu amor, queria guardar tudo para Juan.Mas e quem era merecedor de todo aquele sentimento? Poucas pessoas ... como saber também quem é merecedor ou não, não é?!
Ela vinha de branco sorrindo, avisar a Nanda nas horas de solidão desesperada que tivesse calma e paciência, mas a confundia muito quanto a alimentar suas esperanças.Sabia que não podia perde-la, podia sentir aquilo, e o fazia impacientemente.
Tinha de ser assim.Ela chorava, se depreciava e não sabia bem com o que, mas no íntimo sabia que tudo que precisava naquele momento para não explodir da pressão do mundo, das vibrações do planeta, era ter calma e muita paciência para tomar suas decisões de aguardar.
Em alguns momentos sabia em quem podia confiar, em outros não e se decepcionava.Não tinha com quem contar, todas as relações eram carregadas de interesses e estava farta disso.Se debulhava em seus cigarros com a caneta e o papel.A arte da escrita a consolava, não tinha freios como na fala, em seus cadernos era livre, dentro de sua mente era livre, dentro de sua casa era quase, assim como no poema de Anna Akhmótova, ela se sentia como aquele cuco, que se limitava em se estreitar na fronteira da luz e da escuridão, sem dizer o que era bom ou ruim, verdade ou não.Lá dentro daquela caixa de madeira ninguém sabia o que aconteceu, só depois que parasse de funcionar e a caixa fosse aberta.
Ela estava somente de corpo presente no mundo naquele momento.Ao som de Dylan, com as luzes e os panos coloridos, voltara ao Centro do Universo.Tudo era lindo, todos eram lindos, e o amor e a vontade de paz eram verdadeiros.Ela estava lá, e oscilava entre a alegria e a tristeza quando se recordava.E hoje ela estava ali, com a mesma idade, os mesmo anseios, tomando seus ácidos da mesma forma, com roupas bem menos coloridas e desta vez, o Dylan e a Janis tocavam no fone do computador do trabalho.Trabalho ... é isso que sentia mais saudade de não ter.E as perspectivas, ah as perspectivas cruzavam e impediam o amor de existir o tempo todo.Caía por dentro.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Momentos II

Um dia a gente se amava, no outro se odiava; um dia sensibilidade transcendental, no outro frieza, assim era Natasha.
__ Ás vezes isso me incomodava, por que sou assim tão temperamental?! Na verdade era minha insegurança que me fazia me sentir assim, e agir com prepotência discreta como eu sempre agia.Nanda era bem mais indiscreta em sua prepotência, mas eu sabia que eu era mais.Ás vezes me entregava a maioria delas, mas ás vezes me prendia.Queria fingir que não compreendia para mostrar que meus pensamentos e sentimentos eram diferentes de qualquer mulher, mas na verdade eu sabia bem que ...
Clarinha não estava bem na verdade.Leandro não demonstrava como estava, oscilava muito.Mas no fundo não estava muito bem também.
Nanda não era um extremo nem outro.Oscilava entre ambos extremos.Ás vezes se sentia inferior por isso, mas ás vezes superior.Na verdade sabia que todos eram diferentes apenas.Mantinha sua paz de espírito com isso, sem rótulos e determinações: sou assim, redondo! Talvez se sentisse inferior por mostrar demais aos outros muitos “eus” e não apenas um, no máximo dois como faziam os demais.


Elas são mais sujas quanto o mais limpo dos homens
Elas querem chorar e não choram para ser ainda mais fortes do que já são
São inteligentes, corajosas e ativas
Não abaixam a cabeça, e sabem gritar e sabem lutar
Lutar contra tudo que possa atingir a existência de seus filhos e todos que amam
São cheirosas, delicadas e nervosas
Tem curvas lindas de se mostrar, seja gorda seja magra, todas tem toda beleza
São vocês mulheres!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Primeira Biografia

Tudo estava tão bem que nada encontrava.Buscava algum sentimento demarcado, alguma vontade especifica, mas nada sentia.Nanda estava pronta, havia encontrado seu “eu”.
Pareceu precisar dele naquela noite, queria que fosse dormir com ela, afinal, nunca era ruim.Mas é claro que entendia que estava cansado, deu um beijo longo e quente, e foi tranqüila e feliz.Gustavo era lindo, de tudo, mas Henrique também era, assim como tantos outros também eram, cada um de uma maneira.
Não via hora daquele encontro: ah ele chegou!Nem antes nem depois do que previa, não era ele, nem ela, era ele prazer.Puro prazer.Envolvida consigo mesma, embrulhada em sua solidão, solidão de vazio cheio.Não era um vazio, estava transbordando de coisas.Sua introspecção acumulava coisas boas, que distribuiria mais tarde.
Já passava da hora de distribuir. Léo merecia esse amor e essas coisas boas, no entanto não conseguia fazê-lo como queria.Nanda o amava demais, mas tinha medo, já tinha magoado gente demais.Ele era a razão, a lógica, a ciência.Sabia usar as sociais para entender ainda melhor as exatas, mas fez o contrário: foi para a faculdade para estudar as sociais, pois as exatas já sabia sabe- se lá de onde, e aprendia cada vez mais, sozinho.
Havia desenvolvido programas de computador sozinho, daqueles que as empresas contratam grandes empresas de TI para implementar.Era realmente muito inteligente.Nas discussões ele sempre trazia dados e fatos, ás vezes, quase nunca, sua opinião.
Nessa vida, era a vez da criatividade. Estava nítido que era intelectualmente evoluído, e tinha um coração bem grande também.Era leal e não admitia traição e falsidade.
Todos os admiravam muito.
Nas suas poesias encantava as meninas. Sempre que podia, ajudava os amigos, seja lá como fosse.Tinha empatia e conversava muito com Nanda e Marcelo.
Léo era mais um membro mais que especial daquela galera.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sonho de novembro

Como eles eram lindos juntos, todos eles.Como se amavam, como se faziam bem.Claro que cada um tinha suas fases,que compatiam com alguns formando afinidades, e com outros não, causando até mesmo alguns pequenos conflitos, mas nada que afetasse a amizade total.
Como eles eram encantadores. A cada dia consigo mesmo entender, pela perspectiva do outro e com o outro.
Gustavo, Léo e Marcelo com seu lado super feminino.Não que tivessem voz fina, nem se vestiam como mulher muito menos desejavam o mesmo sexo, apenas compreendiam e admiravam tanto o ser mulher que se sentiam inferiores.
Em meio aquela fumaça toda, latas e copos espalhados pelo chão junto com as roupas de cima e de baixo, a trilha era um ska, era a alegria e a excitação que os representava muito bem.
Clarinha ria e se entregava, era linda e pura, Natasha já conhecia algumas pessoas ali, então se entregava ao prazer e ao amor, Nanda também conhecia alguns e queria conhecer mais, se entregava ao prazer e aos diversos amores.
Gustavo admirava tudo aquilo.Léo se entregava ao verdadeiro amor, era hora de finalmente saber o que aquelas mulheres maravilhosas viam naqueles homens estranhos.Todos eles tinham receio, bom, alguns pouco, outros nem tanto.Na real, todos eles, sem exceção, já tinham quase feito isso, mas só alguns sabiam de alguns, e sabiam também, inteligentes que eram, que não precisavam ser hipócritas: todos desejavam aquele momento.
O Cadu, o Leandro, o Thi, o Beto e o Rafael também se misturavam. Marcelo estava apenas no desejo daquelas três garotas, ele era diferente em tudo, e não me espantaria pensar que ele realmente não estaria sendo hipócrita em dizer não quero.
Mas tudo bem, era melhor assim.
Depois dessa noite, eles nunca mais se separaram, suas almas haviam se casado, e o amor fora eternizado independente dos rumos que cada um tomasse na vida.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Momentos I

Ela sentou do meu lado, encostou a cabeça no meu ombro e começou a chorar.Eu não conseguia entender que sofrimento era aquele, que raio de amor era aquele que Nanda dizia sentir por Juan, eu não conseguia entender, ninguém conseguia, muito menos Juan, só ela mesmo.
O telefone tocou, era André.Preocupado ... ela ficou feliz e surpresa com a ligação, mas já tinha decidido que não se prestaria a isso.Devia ser bom trepar com ele, ele era um gostoso e muito gente boa, a conversa rendia com ele.Ela não falava muito sobre o assunto, mas eu sabia que amava também o Léo, o Gustavo, a Natasha, enfim.Estava até imaginando um romance com Léo, por mais que não fosse apaixonada por ele.Mas não tinha jeito, Juan estava sempre presente em seus pensamentos.
Ela dizia que fazia de tudo para esquecê-lo, mas acho que ainda não havia chegado nesse momento, faltava um pouco para chegar lá.
__ Sabe, até eu tento entender o que realmente sinto.Todos falam pra eu esquecer, mas ninguém sabe quão grande é minha dor, não sei se escolhi isso, sei que não gosto nem um pouco de conviver com essa dor.Eu não poderia sentir isso por outro?O Léo por exemplo.Tudo bem, eu amo ele também, mas é diferente, eu não desejo ele ao meu lado além do que já é.
Aqueles dias estavam estranhos.Todas as energias negativas caiam sobre cada um.
Havia um apagão na cidade, igual a 9 anos atrás, um blackout por todo o Estado.
Nanda estava com medo também, pela primeira vez sentia medo de verdade.Todos estavam, Natasha também estava assustada, suas experiências terrestres e espirituais estavam sendo das mais estranhas e enriquecedoras talvez.
Algumas desgraças, algumas evoluções. Aquele grupo era especial.Eu queria ver o Marcelo, o Gu era bom também ver nesses momentos, ele trazia paz, mas estava numa fase difícil, sobrecarregado de trabalho e agora da falta dele.Mas Marcelo devia saber o que estava acontecendo .Segundo informações que tenho, Nanda, Marcelo e Natasha eram ainda mais especiais em relação a sua missão na Terra.

Aquele silêncio ... Nanda não sentia vontade nem de chorar mais,depois me disse que tudo passaria, que era assim mesmo, ia e voltava, e estava tão assustada e pensativa sobre essas coisas, com esse mundo, que dizia ser perca de tempo chorar por um amor platônico.
Apenas a luz da vela iluminava seu lindo rosto, e a fumaça do cigarro se espalhava. Tinha um semblante doce e assustado ao mesmo tempo, falei que iria embora, mas fiquei ali fazendo cafuné até ela dormir.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Cotidiano II

Cinco e cinqüenta. Puta merda perdi a hora de novo.
Aquele lugar fedia mijo, mas as histórias de Cauby faziam companhia a Nanda naquelas manhãs nos trens sujos de São Paulo.

Clarinha era forte, não chorava muito. Nanda talvez fingisse mais, pois nunca havia chorado com as amigas, mas chorava quase todos os dias sozinha, escondida.Natasha era escrachada, chorava a qualquer momento que quisesse, aliás, era assim com tudo, para chorar, para beijar, para fumar um, para trepar.

Sua tristeza é mais orgulho do que dor, era auto suficiente demais para sofrer por isso, sabia que não precisava disso.

Aquela noite foi estranha, aquele dia tinha sido estranho.Queria que acabasse logo, não estava segura.Nanda quase dormiu, mas não o fez porque sabia que ele estava lá.Mas quem estava de verdade era Gustavo, dando o melhor prazer que uma mulher pode ter.Não via a hora de ficar consigo mesma e se enfiar no chuveiro e continuar pensando em Gustavo.Por dentro estava quente mas sentia frio, e sua pele ardia de calor, as sensações eram alheias a qualquer um que quisesse conversar ou se aproximar, já havia começado há algumas horas seu momento introspecção.Dava gosto de ver o rostinho de felicidade de Nanda quando podia se encontrar consigo mesma, apenas ela e a fumaça de seus cigarros.Lembrava-se da frase que ouvira naquela noite e sorria: “ a maconha não personifica, mas intensifica”, adorava essa frase, pois podia senti-la, todos seus sentidos estavam intensificados naquele momento, como de costume, inclusive seus sentimentos de impaciência.
Aquele tênis não combinava com o meu all star sujo. Bom, os sapatos do Gustavo também não, mas isso não importava, afinal eles não combinavam com as roupas dele também, e isso combinava mais com Nanda.Eles combinavam mesmo era na cama.O tênis que combinava com seu all star e com a decoração do apartamento era o de Juan.
Se perguntava porque pensava tanto no Gustavo ultimamente, ele era somente o Gu, nada demais.Talvez tivesse algo demais sim que se revelava em alguns momentos.Seu sorriso empolgado, seus gemidos e longos beijos fortes e fugazes, estampavam a dor que sentia quando estava com Juan, nunca mais estivera com ele.Juan era o mais distante porém o mais próximo.


Mais do que o tênis de Juan, o que ficaria perfeito ao lado daquele all star, no cenário do meu apartamento, era os de Rodrigo.Hoje estava espetacular.Nunca tinha reparado como seu braço era branquinho, grande, era um conjunto harmonioso, perfeito demais e distante demais.Era meio gordinho e chegava a ter um seio avantajado, o que não me atraia nem um pouco, mas nele, passava imune este detalhe.
Que vontade de apertar esse braço, abraçar essa cintura que devem dar três da minha, de grudar esse corpo no meu até sentir no meio um volume discreto de um principio de ereção.


segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Cotidiano - I

19 de outubro de 2009
Estava tudo confuso naquela segunda-feira, tudo irritava Nanda a ponto de dar esporros, mas era comum. Era incrível como seu humor mudava.Naquela manhã tudo ao seu redor a irritava, aquela chave barulhenta no fumódromo, aquelas caras pálidas, apenas as flores roxas e vermelhas da primavera estranha não a incomodava, mas hoje elas não estavam tão bonitas, o sol não estava presente para iluminá-las.
Na noite anterior, forçara um choro e mal sabia o porquê, todo aquele sentimento estava morrendo e ela nem percebia o quanto, não via que sua dor já não era tão grande, na verdade, o que estava morrendo era a esperança, esta que dizia naquele livro pelo chinês que era o pior dos venenos, o veneno não a matou, mas talvez tivesse matando o próprio sentimento que alimentava.
Aquele enjôo que já perdurava mais de uma semana. Era só chegar lá, todos os dias de manhã que a sua situação estomacal já começava com força. Aquelas pessoas davam vontade de vomitar, e nada poderia fazer.
Serravalle, aquela música era muito depressiva. Nanda gostava de músicas depressivas, mais do que das alegres, tinha um namorado que dizia que odiava musicas alegres, foi muito influenciada por ele em algumas coisas. Tudo que pensava era em sua cama, sozinha mesmo dormindo, mas a companhia de Gustavo naquele final de tarde não seria nada mal. Como era bom trepar com ele ...
A vertigem sempre vinha acompanhar os enjôos, seguido de tontura e tormenta, era a pressão ... a pressão baixa, talvez causada pela pressão da vida.
Aquele toc toc de salto no chão davam mais enjôo ainda, era provido de raiva eu acho.Aquela japonesa com aqueles pêlos gigantes no braço, era de embrulhar qualquer estômago.Era a pessoa que mais conseguia tirar Nanda do sério, não tinha a menor paciência com aquela velha psicopata.Ela achava que entendia de tudo, tudo que outros faziam estava errado, ficava pra cima e pra baixo com a câmera na mão e o gravador nos bolsos “pegando as coisas erradas” : Eu preciso da minha caneta vermelha, tá tudo errado.Vou ter que passar caneta vermelha, ela dizia com aquele ar de inconformidade, como se tivesse descoberto alguma coisa que ninguém soubesse.E ganhava muito bem para fazer “tudo” isso.Era odiada por todos.Apesar de tirar Nanda do sério, ela não tinha sentimentos de raiva por ela, aliás, não tinha esses sentimentos por ninguém eu acho, nunca que tivesse demonstrado pelo menos.
O enjôo já havia passado, mas logo voltaria, ainda teriam algumas horas para ir embora.Estava ansiosa.Queria ver Clarinha e Natasha.Como aquelas meninas choravam, todas, Nanda também e haviam mais amigas choronas, fazia tempo que não via Letícia chorando ... mas podia sentir sua dor, mas as que mais sentia, além da sua, era quando abraçava Carol ,Natasha também, mas a Carol devia sofrer muito. Confiavam em Nanda.
- Você não gosta de Nanda?
- Não.Prefiro Fê, mas minha mãe me chama assim desde pequena ...
- Então vou te chamar de Fê, disse Clarinha sorridente. Pensei: sempre falam isso, mas Nanda já é automático, mas respondi com um sorriso de canto: Ta bom.

5 semanas se passaram, e tudo era igualzinho.
Mas dessa vez Leticia chorou, Natasha chorou, Nanda chorou, por que tanto choravam aquelas mulheres?
Lindas e choronas, era o que eram.

Carnaval - Alguns meses depois

As lembranças já estavam sumindo aos poucos, dos detalhes ela já não se lembrava mais.
E aquele amor ardente, angustiante,dependente, já não tinha mais tanta força.E sabia que não poderia ser assim, o tempo acabaria por trazer um fim trágico.
Então precisava elimina-lo, mas sabia que essa seria a última das opções, talvez depois de muitas verdadeiras histórias e suas trajédias, mas não era essa a hora.
E então esse amor que já estava com algumas feridas quase fechadas, se abria para se transformar num amor maduro, conformado e tranquilo.Mas aquelas palavras, aquela flor ... era virtual, mas podia fechar os olhos e sentir tudo aquilo.
Sozinha, em prantos desesperados e soluços, ela pode sentir o abraço demorado.
Ele tinha desespero para sonhar, para dormir e acordar no seu mundo.Ela entendia que ele não precisava se desesperar e criar problemas porque não era compreendido, ela também não era, e conhecia algumas pessoas que também não eram.Bastava compreender que não precisava ser compreendido.Então ela tinha desespero por ele, por abraça-lo, beija-lo e deixa-lo sonhar.
Queria dar felicidade a ele, mesmo acreditanto sempre que a felicidade esta dentro de si, e nunca no outro.
Como o amor é contraditório não ...
Quem não ama não entende, e diz que aquele que ama é confuso, é louco.
Ela sabia que era cedo para dizer que amava demais, mas sabia que amava de verdade, e este amor já estava entrando num segundo estágio, e isso a assustava e a desesperava mais e mais.